O livro da Sabedoria e a nova ética do cuidado: respeitar a natureza, mas não a endeusar

Resumo

Este artigo tem por objetivo apresentar uma análise do texto bíblico delimitado em Sb 13,1-9, no qual o autor sagrado faz uma crítica explícita aos seus contemporâneos, que, de modo errôneo, relegavam à natureza e, de modo especial, aos astros a condição de deuses. Sua crítica a esta concepção é feita a partir da própria filosofia, defendida e propagada pelos filósofos estoicos gregos. Assim, de modo muito pedagógico, o autor adverte os seus ouvintes-leitores de que os gregos, munidos de seus altos conhecimentos filosóficos, não foram capazes de encontrar a verdadeira fonte da beleza, pois, seduzidos pela beleza emanada das criaturas, transformaram a obra de arte no artista. Valendo-se desta crítica, de que é preciso um novo olhar sobre as criaturas e que a capacidade intelectiva e, principalmente teológica, pode e deve favorecer isso, o presente artigo correlacionará a exegese do texto com a proposta de uma nova ética, a saber: a ética do cuidado, a qual não é nova, porém, ignorada.