A Criação e a lei do inquilinato. O inquilino não é dono: exegese de Gn 1,26-28

Autores

DOI:

https://doi.org/10.54260/eb.v37i144.362

Palavras-chave:

Criação, Criador, Administração, inquilinato, Gênesis

Resumo

O artigo tem como proposta um estudo contextualizado do relato da Criação seguindo a metodologia exegética de pesquisa bíblica. Trata-se de resgatar o sentido da relação entre o Criador (Elohîms) e a criatura que é o ser humano. O resultado esperado é que, na ordem de dominar a natureza não está a designação de autoridade, mas de serviço subalterno. Desta forma, dominar a terra e os animais é, de modo análogo, cuidar de uma casa ou imóvel alugado, ou seja, seguir os parâmetros da lei do inquilinato. Em termos hermenêuticos emerge esta cosmoteologia preconizada pelo Papa Francisco na Carta Laudato Si. Aquilo que é obra do Criador, não deve ser destruída pela criatura. É preciso crescer e desenvolver respeitando a lei do inquilinato. Nada mais é necessário, e dentro dessa proposta, não criar qualquer dívida, exceto o amor, pois o amor constrói, o amor tudo supera e tudo perdoa, porque é a maior das virtudes. Preservar a vida é amar todas as criaturas do jeito que Jesus ensinou.

Biografia do Autor

Isidoro Mazzarolo, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil

Doutor em Textos seletos dos Evangelhos Sinóticos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Mestre em Exegese do Antigo Testamento pelo Pontifício Instituto Bíblico. Pós-doutor pela Escola Bíblia e Arqueológica Francesa de Jerusalém. Professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.

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Publicado

28/12/2021

Como Citar

MAZZAROLO, I. A Criação e a lei do inquilinato. O inquilino não é dono: exegese de Gn 1,26-28. Estudos Bíblicos, São Paulo, v. 37, n. 144, p. 161–178, 2021. DOI: 10.54260/eb.v37i144.362. Disponível em: https://revista.abib.org.br/EB/article/view/362. Acesso em: 20 abr. 2024.

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