Assur no fogo cruzado da crítica profética: violência e opressão de um império (Is 10,5-15)
Palabras clave:
Fogo cruzadoResumen
Procura-se ver como a literatura profética se debate com estruturas imperialistas que geram violência, criam dependência e opressão, quando não humilham povos inteiros, chegando a destruí-los com seu patrimônio cultural que lhes garantia a identidade. Nas coleções de ditos dos profetas, trazidos entre os poucos pertences de judaítas deportados para a capital do império babilônico,
busca-se inspiração para elaborar teologia política. Fruto dessa busca de uma comunidade fragilizada, correndo risco de ser varrida do palco da história, é o poema construído em forma de drama que se encontra em Is 10,5-15. Com vivacidade e criatividade o poema faz alternar fala de Deus e fala humana. Em forma de lamento fúnebre, a voz divina confronta a missão original confiada à
potência estrangeira com o serviço prestado. Através de longos monólogos, colocados na boca do governante, cheio de si e de toda arrogância, o poema desmascara a ação do instrumento, do qual o Deus de Israel originalmente se servira, e que agora estava extrapolando todos os limites do tolerável. Apotência estrangeira arrogara-se o direito de juntar povos e Estados sob a sua batuta
exploradora. O poema encerra com duas perguntas retóricas e didáticas demonstrando a irracionalidade da ação daquele que deveria limitar-se ao serviço para o qual havia sido contratado, mas agora usurpara o poder reservado unicamente a Deus. Os destinatários do poema, ouvintes ou leitores, até então vítimas dos desmandos imperialistas, ao tomarem conhecimento da notícia fúnebre, por antecipação, poderão assumir uma nova postura marcada pela ousadia de quem sabe: a potência exploradora está com seus dias contados.
Citas
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