Ezequiel 28 em perspectiva histórico-traditiva
DOI:
https://doi.org/10.54260/eb.v40i149.1012Palavras-chave:
Ezequiel 28, Rei de Tiro, Exegese histórico-traditiva, TradiçõesResumo
O artigo analisa o oráculo e lamento de Ezequiel 28, 1-10 + 11-19 a partir de uma perspectiva histórico-traditiva, buscando na cultura literária, mítica e religiosa médio-oriental e mediterrânea elementos que contribuíram para a linguagem divina do texto. Apresenta uma tradução, usada como base na discussão das tradições. Descreve a presença do motivo literário da hybris contra os deuses, exemplificado em mitos gregos, na epopeia de Gilgamesh e na Bíblia Hebraica. Associa o texto de Ez 28 com as tradições de Melqart, herói divinizado de Tiro que possuía função civilizatória, com destaque para a expansão comercial. Interpreta o texto, também, à luz de um possível “mito do primeiro humano” hebraico subjacente a Ezequiel 28, Gênesis 2-3 e Jó 15,7-8, articulando a hybris com os temas da sabedoria e mortalidade. Por fim, demonstra a articulação com as tradições judaítas do templo, tendo a figura dos kerubim como elemento central.
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